“Pegamos na fábrica umas papinhas, cada um de nós pegou umas três ou quatro, descongelamos e esquentamos, fomos comendo no carro. A nossa própria experiência com o produto foi maravilhosa e ali despertamos para fabricar um alimento que não fosse para bebê”

Publicado originalmente no Jornal O.News

O sucesso da Organic4 em São Paulo que favorece o paulistano e fortalece o setor de orgânicos

De acordo com o IBGE já somos 8,3 milhões de brasileiros em home office, o que significa que nos dividimos entre as inúmeras reuniões e tarefas do trabalho, as lições com os filhos e as necessidades inevitáveis dos cuidados com a casa onde nem sempre cozinhar pode entrar nos planos. 

Buscar uma solução prática para se alimentar continua sendo a rotina de muitos brasileiros e foi pensando nesse consumidor que Teco Lauletta fundou a Organic4, uma empresa de comida orgânica, criativa, descomplicada, saudável e gostosa que chega congelada e portanto pode ser a solução ideal para quem vive atarefado ou atarefada.  

Teco nem sempre foi do ramo da alimentação, formado em administração de empresas, trabalhou no mercado corporativo, durante 13 anos com montagens industriais, numa empresa de Engenharia. Essa experiência de vida lhe garantiu iniciar a Organic4 com um olhar humano e zeloso para com todas as partes do ecossistema. 

“Me encontrei um dia numa situação em que falei “Putz, eu não estou feliz fazendo o que estou fazendo”, diz Teco durante a entrevista se referindo aos antigos trabalhos. “No primeiro momento tendo certeza do que eu não queria para minha vida, que já era uma coisa bastante importante, deixei as coisas acontecerem e foi quando surgiu a questão dos orgânicos “, continua ele. 

Teco, assim como a maioria dos brasileiros começou a se alimentar de orgânicos por uma questão de saúde sem compreender bem o que estava por trás da agricultura orgânica como um todo em relação aos benefícios ambientais, sociais e econômicos.  

Foi quando começou a estudar o ecossistema orgânico que o encanto apareceu e a decisão foi tomada como ele mesmo nos conta.

“Me interessei nessa época por conhecer como é esse mercado fora do Brasil, fiz pesquisas e fiquei realmente assustado com o que vi. Olhando para EUA, Europa, Austrália onde esse mercado é gigantesco, vi que tínhamos muito pouca coisa no Brasil. Estou falando de uns oito anos atrás. Me uni a um amigo e juntos mergulhamos num mundo totalmente novo querendo produzir alimentação. A Organic4 nasceu baseada nestes estudos e em nosso olhar empreendedor para o mercado. Dentre as opções que queríamos desenvolver, começamos a produzir papinha de bebê orgânica. Tivemos muita dificuldade em colocar em prática.  

Nem eu e nem meu ex-sócio éramos pais então, por não termos filhos, precisávamos de testes de prova do alimento e não sabíamos quem iria provar o produto pois mesmo as pessoas próximas ficavam meio receosas, primeiro porque não é fácil achar pessoas que têm bebês na idade de comer papinha e quem tinha dizia que tinha cozinheira para fazer o alimento da criança, se recusando a experimentar.  

A gente não tinha um produto licenciado, nem lançado ainda e ninguém queria dar seu filho para ser cobaia. Começamos a esbarrar numa série de dificuldades e num dia, em nossas idas e vindas, nós tínhamos uma reunião e não tinha dado tempo de almoçar

Pegamos na fábrica umas papinhas daquelas fases que já são mais comidinhas em pedaços, cada um de nós pegou umas três ou quatro, descongelamos e esquentamos, fomos comendo no carro. A nossa própria experiência com o produto foi maravilhosa e ali despertamos para fabricar um alimento que não fosse para bebê, poderíamos trabalhar melhor ingredientes e temperos, pois comida de bebê tem suas milhares de restrições. A proposta era oferecer um produto orgânico, prático para o dia a dia de São Paulo para quem tem uma vida super corrida e desde o começo nos preparamos para isso, cuidando de toda a organização da empresa como cozinha, fluxos, certificadora, adaptação do imóvel, etc.  

Nós entendíamos que não existia o saudável de verdade, víamos muita coisa processada e muitas marcas falando que são saudáveis mas que não são realmente e poucas opções feitas com comida de verdade, sem conservantes, com ingredientes orgânicos.

Criamos e lançamos as nossas linhas e tudo o que fizemos a partir de então foi sempre ouvindo os nossos clientes, olhando para algumas tendências e praticando o que acreditávamos. Chegou o inverno, o cliente pediu sopa, criamos uma linha de sopas e no final das contas acabamos percebendo que a sopa vende super bem o ano todo e a partir daí fomos criando todas as outras novas linhas num processo constante. 

A Organic4 tem quatro anos, todo esse período de estruturação, estudo e até entendimento do fluxo de cozinha com os equipamentos e tudo o mais foi árduo. Não é um caminho tão fácil, linear, as coisas não vão ficando claras, temos um monte de obstáculos, mas hoje estamos crescendo. 

Não tenho mais um sócio, foi uma das dificuldades que enfrentamos. Tenho uma super equipe que é bastante engajada e digo que tenho muita sorte pelas pessoas que encontrei nesse caminho. Elas são muito dedicadas, gostam e acreditam no que fazem e me ajudam muito nesse trabalho de defesa, de fazer as coisas corretas em todas as relações que temos, seja com consumidor, fornecedor ou outras empresas. Fazemos um trabalho bastante sério nesse sentido de sempre tentar promover e ajudar o mercado de orgânicos a crescer.  

A pandemia, embora triste e negativa para todos, deu um empurrãozinho para o nosso crescimento porque a partir do momento em que as pessoas começaram a se preocupar um pouco mais com a saúde, principalmente com a questão da procedência do alimento, o orgânico acabou respondendo a todas essas dores. Ele te entrega um alimento saudável com a procedência garantida e com todos os atributos íntegros que ele tem. É natural que o mercado esteja crescendo. 

Ainda temos muito a melhorar no mercado de orgânicos, ele tem que buscar uma auto afirmação, o orgânico se coloca muitas vezes como o caçulinha dos alimentos ou como um nicho de mercado num momento em que ele já tem possibilidade de tentar ser locomotiva de todo um movimento.  

De puxar outras empresas e outros setores. Nos falta ainda ajudar o consumidor a entender coisas básicas como identificar o orgânico ou qual é a diferença entre orgânico e convencional. 

Sabemos em contrapartida que tem empresas que se aproveitam do vácuo do orgânico, são empresas que não tem certificado e que fazem um trabalho que eu não considero muito justo e nem bacana.

Acredito que a partir do momento que você não tem certificação você não tem garantia daquilo que oferece para o consumidor e não poderia induzir o consumidor a acreditar que você usa este ou aquele tipo de ingrediente, isso prejudica muito o setor.” 

Teco Lauletta aproveita as suas criações na cozinha da Organic4 para educar e conscientizar o consumidor e usa as embalagens sustentáveis e divertidas para isso. Em nossa matéria ele nos deixa uma mensagem final emocionante.

“Falando em alimentação a gente precisa resgatar o velho normal, e o que seria o velho normal?  

Houve um tempo em que a comida era feita de uma forma sustentável, era tudo mais tranquilo e não tinha essa correria para tudo, essa coisa grande de transformar a produção animal num processo fabril, de você explorar o pequeno produtor, da monocultura para exportação com agrotóxico.  

É lamentável, não tem como continuar como está. É necessário que as pessoas botem o pé no freio. É tão simples, mesmo morando em apartamento, você comprar um vasinho e plantar seus temperinhos, colocar ali suas verduras. 

Resgatar o que a gente fazia há vários anos atrás, o velho normal.

Hoje em dia cada um está escondido atrás de sua própria tela. Me lembro como minha avó cozinhava, era um evento, ficava todo mundo na cozinha conversando, era super gostoso. 

Uma volta ao passado seria o meu recado.”

Kátia Bagnarelli  
Redatora e Editora do Jornal O.news
editorial@onews.com.br

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