“Também é bom lembrar que as cianobactérias, erroneamente também chamadas de “algas azuis”, são os procariontes mais competitivos do Planeta Terra.”

A Organis compartilhou em sua página no Facebook um artigo da DW Brasil que acreditamos ser de interesse dos nossos seguidores. Intitulado Cientistas descobrem açúcar que pode substituir o glifosato, de fato o post alcançou grande repercussão, pois explica que pesquisadores alemães identificam uma molécula de açúcar com efeito semelhante ao do controverso herbicida.

Sobre esse assunto, Geraldo Deffune, professor da UFFS manifestou uma importante opinião, que também acreditamos ser de interesse de todos os que estão ligados às questões ambientais. Confira:

Observações de Biossegurança sobre o herbicida isolado de cianobactérias: 7dSh – açúcar 7-desoxi-Sedoheptulose

Caros amigos, colegas e alunos, encaminho a seguir um artigo da DW sobre um possível novo herbicida natural assim como links relacionados. Antes que comece a usual propaganda enganosa sobre a biossegurança do açúcar que constitui seu princípio ativo, cabe esclarecer que, como em relação a outros compostos bloqueadores bioquímicos, há que fazer testes essenciais de biossegurança, pois embora os animais não usem a via biosintética do shiquimato ou ácido shiquímico (de shikimi, o nome japonês do anis estrelado, planta da qual foi originalmente isolado), o açúcar 7-desoxi-Sedoheptulose (7dSh) pode interferir em outras enzimas úteis para animais e outras plantas além dos inços que se queira controlar.

Será necessário fazer experimentos de biossegurança alimentar e ambiental para verificar esses riscos, pois devemos lembrar que as agroquímicas defendiam o glifosato (e outros agrotóxicos) como atóxico exatamente por sua pretensa especificidade bioquímica, que é muito difícil em organismos ecológicos, devido à imensa complexidade de interações. Se quiserem se aprofundar, há um bom resumo acessível (embora apenas em inglês, pois a versão em português está muito resumida…) em wikipedia.org-Shikimic-acid

Também é bom lembrar que as cianobactérias, erroneamente também chamadas de “algas azuis”, são os procariontes (moneras ou bactérias, sem núcleo) mais competitivos do Planeta Terra, pioneiros na fotossíntese, que produzem inúmeras toxinas (e.g.; contaminação periódica de peixes e mariscos). Elas são importantes para a saúde do solo e águas e causaram a chamada Grande Oxidação que suplantou os micróbios anaeróbios (que morrem com o oxigênio e perdem N – a “moeda elementar” mais valiosa dos organismos, em sua digestão fermentativa) no planeta. Por isso é necessária atenção relativamente também a seus outros metabólitos secundários tóxicos que podem estar envolvidos em seus efeitos herbicidas. wikipedia.org-Cyanobacteria

Um bom resumo em português sobre os riscos oferecidos pela proliferação excessiva de cianobactérias está em desafios.ipea.gov.br

Prof. Geraldo Deffune Gonçalves de Oliveira
Agroecologia Aplicada, Biodinâmica e Biossegurança, Coordenador de Estágios de Agronomia na UFFS – Universidade Federal da Fronteira Sul
Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus respectivos autores e não refletem necessariamente a opinião da Organis.

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