Alta na procura por alimentos orgânicos. Moda, necessidade ou consciência?

O mercado de orgânicos vem crescendo com força nos últimos anos. A Organis – Associação de Promoção dos Orgânicos, apontou um crescimento estimado em 15% em 2019, ano em que o Brasil movimentou cerca de 1 bilhão de dólares, no câmbio da época, em produtos do setor. Em 2020, mesmo ainda não tendo sido realizado este levantamento, a percepção é que essa demanda aumentou ainda mais, superando a média histórica. Alguns associados da Organis chegaram a registrar mais 100% de aumento nas vendas.

Uma enquete realizada pela Organis em setembro, (para ver os resultados clique aqui) também indica uma alta na demanda. Quase metade dos entrevistados afirmaram ter aumentado o consumo de orgânicos durante a pandemia. Em tempos de Covid-19, 62% das pessoas se preocupam mais com a qualidade dos alimentos e 47% passaram a consumir orgânicos todos os dias. Outro dado importante é que 81,8 % das pessoas acreditam que o crescimento da agricultura orgânica pode colaborar com a prevenção de novas pandemias.

Os especialistas do setor não consideram que esse seja apenas um fenômeno passageiro, uma “febre” ligada diretamente à pandemia e ao isolamento social, mas que se trata de uma tendência que chegou para ficar.

Para Cobi Cruz, diretor da Organis, o crescimento na procura por alimentos orgânicos é um fenômeno que vem se consolidando há tempos e não surgiu apenas deste ou daquele fato isolado. “É evidente que o interesse por orgânicos cresce – e vai crescer mais ainda – na razão direta da preocupação das pessoas com a própria saúde e da família, inclusive na busca do fortalecimento da defesa imunológica contra a ameaça das atuais e futuras cepas de vírus”.

Cobi Cruz destaca que os orgânicos já ocupavam um espaço privilegiado entre as possíveis escolhas dos consumidores muito antes da Covid-19: “as pessoas buscaram um conceito que já tinham na cabeça, que os orgânicos significam pureza, vitalidade, saúde e preservação do meio ambiente. A pandemia foi apenas o empurrãozinho que um número expressivo de pessoas precisava para uma tomada de decisão que já estava a caminho”.

Para quem não acompanha o setor, é preciso entender que os orgânicos se comportam como uma espécie de “marca coletiva” que se consolidou como altamente confiável na memória do consumidor. Esse patrimônio de imagem está se revelando de forma mais visível agora, no momento em que se valoriza a busca por alimentos mais saudáveis e nutritivos, alguns dos conceitos básicos do movimento orgânico.

Vários indícios evidenciam o crescimento desse interesse. O número de acessos ao portal da Organis passou de 10 mil para 20 mil por mês, e o envio de e-mails com pedidos de informações que chegou à média de mil por mês. Esta alta demanda por informações por parte do consumidor levou a Organis a criar uma plataforma específica, com um mapa interativo que facilita a vida de quem deseja encontrar orgânicos e também ser encontrado: o onde.organic, cujo projeto-piloto já está no ar desde outubro deste ano.

O diretor da Organis destaca ainda outras qualidades dos produtos orgânicos que colaboram com o aumento e a manutenção dos níveis de demanda. “Não podemos esquecer que os produtos orgânicos oferecem diferenciais de sabor, cor, textura, que ajudam a fazer deles um fenômeno que nada tem de passageiro. É uma equação simples: quem experimenta e aprova, quer repetir”, explica.

“Outro fator importante para a decisão de compra do consumidor é que os alimentos orgânicos, sejam eles agrícolas, artesanais ou industriais, colaboram com a preservação e a recuperação do meio ambiente”, completa.

Firmando tendências e ampliando espaços

Outro dado que está sendo colocado na mesa para análise dos especialistas da área é o andamento no Brasil de uma tendência já consolidada nos países com tradição no consumo de orgânico, em especial na Europa: a de que os alimentos orgânicos se tornem a primeira opção de compra do consumidor.

Cobi Cruz explica que a chamada “agricultura convencional” vai, cada vez mais, adaptando seus meios de produção e buscando conquistar sua certificação orgânica – um selo obrigatório que distingue os produtos nas prateleiras.

“Os produtos orgânicos têm diferenciais de mercado interessantes, entre eles o de contarem com um marco legal definido e uma grande cadeia de controle”, diz o diretor da Organis, salientando que a rastreabilidade, a garantia de origem e outras qualidades são bem vistas pelos varejistas e significam maior valor agregado em relação à produção “convencional”.

Esse processo de adesão ao conceito orgânico de produção, já em curso, tende a crescer ainda mais, especialmente entre as milhares de propriedades classificadas como agricultura familiar. “Saem fortalecidos os movimentos de cidadania propensos a levar em conta não apenas produtos, mas a maneira como são feitos e a trajetória de cada um até chegar ao consumo. Trata-se de um embate global cada vez mais importante entre os modelos sustentáveis e aqueles que esgotam recursos naturais. Nesta arena, os orgânicos já escolheram há tempos o lado da ciência, da razão, do diálogo, da paz”, finaliza Cobi.

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