“Há muitas formas de ganhar dinheiro e estas não precisam ser ferindo a ética, tirando o que é dos outros ou tratando como inimigos aqueles que dividem o mesmo espaço.”

É indiscutível que o lucro e a competição são importantes para o desenvolvimento dos negócios! A questão é o equilíbrio entre as ações para gerar lucro e a relação com a ética e o bem estar da sociedade. Lucro a todo custo é a contramão de empresas sustentáveis, seja pelos efeitos a longo prazo como: perda de mercado, sociedades dissolvidas prematuramente ou passivos trabalhistas e fiscais. A virada do ano é um momento importante para se refletir sobre nossas prioridades e se estas são sustentáveis ou não. Caminhos mais equilibrados trazem além do dinheiro a paz de espírito, saúde, boa relação com a família e a sociedade que nos cerca.

A competição que é tão importante para o desenvolvimento pessoal e profissional pode ser desvirtuada se foco for exclusivamente o interesse próprio. Robert H. Frank, professor de economia da Universidade Cornell nos Estados Unidos – baseado nas teorias de evolução da espécie de Darwin – diz que, “às vezes, a competição pode gerar benefícios para o indivíduo, mas prejuízos ao grupo”. A pesquisa é um contrapeso às convicções de Adam Smith que afirma que quando buscamos o interesse próprio naturalmente atendemos o interesse da sociedade.

O pesquisador utiliza os cervos e suas desproporcionais galhadas como exemplo. Os chifres evoluíram gerações após gerações devido à competição entre os machos pela atenção das fêmeas. A seleção natural fez com estes chifres hoje tivessem 1,2 metros e quase 18 quilos. A galhada pode ser o grande diferencial na competição pela atenção das fêmeas, mas quando os esses cervos se virem como presas e restar correr em meio às árvores dos predadores, ficarão em desvantagem. Por isso, o pesquisador diz que “o elemento que o beneficia como indivíduo se opõe aos interesses do grupo”, afirma o pesquisador.

Portanto, a própria natureza nos mostra que há um caminho do meio para buscar. Só assim evoluiremos ainda melhor. Segundo empresário Alexandre Borges, sócio fundador da empresa de produtos orgânicos Mãe Terra, adquirida pela Unilever em 2017: “mesmo diante das nossas contradições devemos buscar o caminho do meio, o equilíbrio entre o lucro e o bem estar da sociedade… ” O lucro a qualquer custo definitivamente não é a solução.

Há muitas formas de ganhar dinheiro e estas não precisam ser ferindo a ética, tirando o que é dos outros ou tratando como inimigos aqueles que dividem o mesmo espaço na empresa ou na praça de comércio. O interesse próprio nestes casos prejudicam o indivíduo e o todo. É hora de evoluir ao ponto de mudar os genes que serão herdados pela nossa descendências. É o momento de buscar com toda força, coragem, sabedoria e foco: o caminho do meio.

Walter Roque Gonçalves
Professor ABS/FGV, consultor de resultados especializado em micro, pequenas e médias empresas
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