Desde o dia que nascemos estamos em uma grande jornada para dar nossa contribuição para o mundo. Aos poucos, vamos desenvolvendo aptidões, polindo nossos talentos e identificando nossas paixões. Muitas situações se opõem ao que gostaríamos que fosse a realidade. Os desafios são colocados diante de nós para que possamos crescer. Contudo, será que estamos trabalhando em direção ao mundo que queremos?
No dia a dia, cada um de nós passa por pequenas provações. Diante da lista de compras do supermercado, eu sempre me confrontei com aquele exercício difícil de fazer pequenas escolhas: um produto um pouco mais caro com atributos que justificam pagar algo a mais, ou aqueles que trazem pequenos descontos que podem fazer com que o total da compra fique um pouco mais barato. É assim na seção de alimentos onde cada vez mais temos boas opções de produtos orgânicos. Nem sempre optei pelo produto de maior valor, mesmo sabendo das contribuições ao mundo que ele traz embutidas, mas, a despeito de algumas contradições, eu me considero um consumidor consciente. E quando a escolha está relacionada a um tipo de investimento? Compartilho aqui uma história.
Recentemente fui abordado pela gerente do banco que viu um dinheiro a mais cair em minha conta. Considerando riscos e retornos, ela decidiu me oferecer um CDB. Era o papel de um outro banco do qual eu nunca tinha ouvido falar. Poderia investir por 2 ou 3 anos, com a vantagem de receber uma ligeira quantia acima da taxa básica de juros. Depois de alguns argumentos sobre as minhas opções dentro daquele banco, decidi investir parte do que eu tinha na conta naquele CDB durante um período de 2 anos.
Alguns dias depois, fui para uma reunião com uma amiga que trabalha na Sitawi, Finanças do Bem. Ela me contava com entusiasmo sobre a 1ª rodada de captação de recursos de projetos de empresas e cooperativas da recém lançada Plataforma de Empréstimo Coletivo da Sitawi. Por conta do meu declarado interesse em negócios relacionados à agricultura e alimentação, ela acabou me indicando dois projetos para eu investir na forma de empréstimo. Um deles, Coopsertão, na Bahia, não estava mais disponível, pois já havia captado 100% do montante de recursos do projeto. Acabei então investindo em uma plataforma de delivery de alimentos orgânicos, a Orgânicos in Box, do Rio de Janeiro.
Em poucas semanas, a minha amiga me colocou em contato com o Filipe, um dos sócios da empresa. Trocamos experiências, artigos e ideias. Fiquei de apresentá-los a um outro colega, o Lucas, fundador da Vista Alegre, uma charmosa fazenda produtora de orgânicos próxima à Belo Horizonte. Alguns meses depois, discuti com o Filipe sobre a tese de crescimento da empresa. Acabei também fazendo a ponte para que a Orgânicos in Box lançasse, em conjunto com o Café Abraço, uma linha de cafés orgânicos produzidos por mulheres. Em junho deste ano, convidei o Filipe para participar do Webinar da Flourish sobre as tendências de consumo de alimentos orgânicos, para que pudesse compartilhar a experiência da Orgânicos in Box que havia crescido 300% como desdobramento da maior demanda deflagrada pela pandemia.
E o meu investimento do CDB? Ficou lá, monótono! E com a taxa básica de juros do Brasil convergindo para 2% ao ano, nem pelo retorno ele se justificou. Além disso, deste investimento não surgiu nenhuma nova relação, nenhuma nova oportunidade e certamente ele não me conduziu em direção ao mundo que eu quero construir.
Baseado nessa história eu também consigo explicar que dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, tomei como base que, para o mundo que eu quero, preciso investir e trazer mais pessoas que queiram investir no ODS 2, “erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável”, e no ODS 12, “garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis”. Consumir de forma consciente é algo muito amplo, mas tenho convicção que este é o ponto que mais acelera os processos de transição para a agricultura orgânica, ou seja, o consumo consciente de alimentos é alavanca fundamental para a agricultura sustentável.
Na Plataforma de Empréstimo Coletivo da Sitawi, tornei-me um parceiro destes dois ODS e, como venho escrevendo nas últimas publicações, precisamos apoiar esta e outras formas de investimento que possam destravar o potencial de uma transição para orgânico mais ampla, beneficiando a geração atual e as futuras.
Para quem quiser saber mais sobre como investir nos ODS 2 e 12 e o que a Flourish está construindo nessa direção, entre em contato: gustavo@florishnegocios.com.br.