Em tempos de alta conectividade, o mundo virtual é cada vez mais familiar para todos nós. Clicar aqui e ali em busca de contatos, de novidades, de preços vantajosos e de compradores interessados, são gestos que viraram uma rotina inescapável em nossas vidas pessoais e profissionais. A internet já é um ambiente de negócios por excelência, com a vantagem de não exigir deslocamentos físicos nem o desconforto do contato pessoal com um grande número de pessoas diferentes.
Mas quem disse que o ser humano não gosta de deslocamentos físicos e contatos com pessoas diferentes? É da nossa natureza interagir, ver, ouvir, perceber no tom de voz do interlocutor todas as nuances e sutilezas do nosso complexo processo de comunicação. É da nossa natureza buscar destaque, exibir nossas capacidades e habilidades, mostrar que temos algo de relevante a dizer. Por isso, nada substitui o contato pessoal. Por isso, as feiras e exposições continuarão por muito tempo sendo o principal ambiente de negócios para todos os segmentos de mercado.
No mundo dos orgânicos e sustentáveis, não é diferente. Na verdade, pode-se dizer que as feiras e exposições são ainda mais relevantes, afinal, os orgânicos lidam com matérias muito mais caras à nossa condição de humanos: o alimento, a saúde e a nossa presença no planeta terra. O olho no olho, o tête-à-tête, combinam à perfeição com natureza visceral dos orgânicos, que lidam cotidianamente com essas questões vitais.
O crescimento do mercado mundial de orgânicos está diretamente relacionado com o desenvolvimento das feiras, exposições e congressos que, a cada ano, só fazem aumentar em muitos países. Estima-se que o faturamento do setor chegou a 97 bilhões de dólares em 2018. Desse total, praticamente a metade é de responsabilidade dos Estados Unidos. E é para lá, onde acontece uma das mais importantes feiras de orgânicos, que foram agora em março, os principais players do segmento, em busca de novidades e lançamentos.
Os brasileiros marcaram presença. Uma forte presença, aliás. Associados do Organis participaram do evento na qualidade de expositores, num importante esforço de promoção, mostrando que nosso país tem criatividade, diversidade, qualidade e profissionalismo para atender os mercados mais exigentes, com excelentes produtos orgânicos. E voltaram de lá impressionados com a quantidade de brasileiros, que circularam pelo evento na qualidade de meros… visitantes!
Bem, visitar um evento internacional em busca de oportunidades de negócios não é coisa simples. Exige planejamento, disciplina, organização e investimentos! É preciso estar verdadeiramente motivado e interessado em gerar bons resultados na volta ao Brasil. Tratar esses empreendedores como meros visitantes é apenas um recurso de retórica, usado aqui para destacar um fato surpreendente: essa gente está invadindo os eventos de orgânicos em número cada vez maior!
Mais do que fervilhantes ambientes de negócios, as feiras e exposições funcionam como importantes termômetros para se medir a realidade dos mercados. E a presença maior de brasileiros buscando oportunidades lá fora, é sinal de que os orgânicos estão acontecendo aqui dentro, no nosso mercado interno. De fato, as estimativas do Organis apontam para uma tendência de que esse mercado crescerá entre 15 e 20% neste ano.
Nestes últimos quinze anos de atuação na promoção internacional dos produtos orgânicos brasileiros, os associados do Organis nunca viram tamanha circulação de brasileiros pelos corredores de uma feira americana. Isso, é claro, nos deixa otimistas. Mas também é motivo de sobra para ficar antenados. Há uma corrida silenciosa em curso, e muitos competidores já saíram na frente.
A fatia brasileira no mercado mundial de orgânicos ainda é pequena. Cerca de 1%. Mas o nosso mercado interno está crescendo, e rápido. Quem acompanha as feiras do setor enxerga isso claramente, olho no olho. Tête-à-tête. E sabe que ainda tem muito chão e muita oportunidade pela frente.