“De maneira bem resumida e simplificada: para produzirmos alimentos com alta densidade nutricional, é necessário em primeiro lugar maximizar a fotossíntese das plantas.”

Movimento crescente mundial, a agricultura regenerativa ganha cada vez mais espaço, mas afinal, do que se trata essa modalidade de produção agrícola?    

Uma das características mais marcantes desse movimento é que não há verdade absoluta nas questões agrotécnicas, não existe uma legislação certificadora, mas existem fundamentos que devem ser seguidos, os principais:

  • Produção de alimentos com alta densidade nutricional e livre de contaminantes;
  • Não contaminação dos lençóis freáticos com adubos solúveis e defensivos;
  • Alta taxa de sequestro de carbono para o lugar no qual realmente pertence: o solo.

Bom, para aprofundarmos um pouco mais no tema, podemos explorar as implicâncias de cada um desses fundamentos junto com as relações entre eles.

De maneira bem resumida e simplificada: para produzirmos alimentos com alta densidade nutricional, é necessário em primeiro lugar maximizar a fotossíntese das plantas, e o primeiro passo para essa maximização é a nutrição mineral adequada das plantas, isto significa equilíbrio entre os minerais, uso mínimo possível de adubos solúveis e estado adequado de oxidação desses minerais. 

O uso mínimo (ou nenhum uso) de adubos solúveis implica em dois desdobramentos principais:

1. Baixa agressão à microbiologia do solo, e a manutenção dessa microbiologia promove a quelatização dos anions e cátions do solo, resultando na melhor absorção e uso pelas plantas, desses íons quelatizados.
2. O baixo uso de adubos solúveis diminui enormemente as chances de contaminação dos lençóis freáticos.

Mas voltando ao primeiro desdobramento: nesse absorver de moléculas mais complexas (íons quelatizados), as plantas acabam dedicando aos microrganismos do solo uma parte dos seus carboidratos foto assimilados. Esses carboidratos, quando digeridos por fungos, se transformam em húmus, fração altamente recalcitrante de carbono que dura décadas no solo, sendo portanto a promoção do aumento do húmus do solo, uma das maneiras mais eficientes de sequestro de carbono.

O processo central, para contemplar os três fundamentos citados no inicio do texto, é a maximização da fotossíntese. Processo quase milagroso, que melhora o solo, produz comida e permite a manutenção da vida na Terra.

No final das contas, a prática da agricultura regenerativa é a busca constante pela maximização da fotossíntese, para regenerarmos nossos solos e alimentos, na busca por uma agricultura mais sustentável e rentável, e uma vida e planeta mais saudáveis.

Fábio Ribeiro
Fundador da Húmus Sapiens – agricultura regenerativa. Engenheiro agrônomo, produtor rural e consultor.

Referências:
1. Marschner, Horst (2003) Mineral Nutrition of Higher Plants.
2. N. A. Krasil’nikov (1958) Soil Microorganisms and Higher Plants.
3. Canellas, Luciano Pasqualoto e Santos, Gabriel de A.(2005) HUMOSFERA Tratado preliminar sobre a química das substâncias húmicas.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus respectivos autores e não refletem necessariamente a opinião da Organis.

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