“De acordo com dados revelados pela pesquisa “Panorama do consumo de orgânicos no Brasil“, desenvolvida pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), 31% da população brasileira já inclui frutas, legumes e hortaliças orgânicos nas suas refeições.”

Publicado originalmente na Veja Saúde

Optar por esse tipo de comida não beneficia apenas a saúde. Entenda

A busca por hábitos saudáveis e um modelo de vida sustentável se tornaram duas prioridades comuns dentro da nossa sociedade.

Diante dessa pegada mais ecológica, as pessoas estão cada vez mais dispostas a alterar a sua rotina, apostando em práticas que estejam alinhadas à essa nova concepção.

Uma dessas atitudes tem sido o consumo de alimentos orgânicos, que são cultivados sem componentes químicos – como agrotóxicos, antibióticos e fertilizantes.

Assim, o organismo fica livre de resíduos desses compostos, o que beneficia a saúde.

De acordo com dados revelados pela pesquisa “Panorama do consumo de orgânicos no Brasil“, desenvolvida pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), 31% da população brasileira já inclui frutas, legumes e hortaliças orgânicos nas suas refeições.

O dado de 2021 representa um aumento de 106% no número de consumidores em comparação a 2017.

Portanto, fica claro que o consumo e a produção de alimentos orgânicos no Brasil seguem crescendo.

No entanto, a preocupação com a qualidade do cardápio não é o único ponto a se comemorar por trás dessa expansão dos alimentos cultivados de forma natural.

Essa escolha também traz impactos positivos para o meio ambiente.

O perigo dos agrotóxicos

Não é segredo para ninguém que o Brasil tem uma gigantesca cultura agrícola em toda a sua extensão territorial.

Sendo assim, é possível dizer que o consumo cada vez mais frequente de alimentos orgânicos significa uma redução importante sobre a presença dos agrotóxicos no solo.

Até porque o país convive com um uso intenso desses químicos em suas produções.

Para ter ideia, um estudo internacional apontou que as 500 mil toneladas utilizadas nas lavouras nacionais colocam o Brasil como líder global entre as nações que mais empregam esse tipo de veneno.

Esse alto índice não seria tão problemático se levarmos em conta o levantamento do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), realizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

É que, depois da análise de 4 616 amostras espalhadas pelo país, foi registrado que apenas 41 unidades (0,89%) apresentaram quantidades de resíduos que ofereciam algum risco.

No entanto, um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde e realizado pelo Instituto Butantan avaliou os dez agrotóxicos mais usados pelos agricultores brasileiros e apontou que, na verdade, não há dose segura para esses pesticidas, mesmo quando adotadas quantidades equivalentes a até um trigésimo das recomendadas pela Anvisa.

Dessa forma, não há como negar que uma dieta baseada em frutas e outros vegetais orgânicos simbolizam menos riscos à saúde, tendo em vista que eles não têm contato com os pesticidas.

Além disso, em decorrência dos componentes químicos, o uso dos agrotóxicos gera problemas graves ao solo, à água, à fauna e à flora.

As vantagens dos orgânicos para o meio ambiente

Há de se destacar, então, que o cultivo orgânico fortalece a preservação ambiental. E há vários motivos capazes de justificar isso.

Em primeiro lugar, sem o uso dos fertilizantes artificiais, os produtores acabam se empenhando bem mais na condução do local da plantação, deixando-o sempre apto a receber algum tipo de cultura.

Portanto, práticas como a rotação de culturas e adubação verde são bastante benéficas para o resguardo do ambiente.

Vale destacar ainda que o uso constante de agrotóxicos, como acontece na agricultura convencional, acaba por dificultar a fixação de nitrogênio pelos micro-organismos que habitam o solo, deixando-o bem mais pobre e improdutivo de maneira muito rápida.

Outro ponto que vale ser mencionado é que o próprio manuseio desses agrotóxicos também representa um perigo significativo para os trabalhadores rurais.

De acordo com um levantamento feito pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os agrotóxicos são a segunda maior causa de no país, perdendo apenas para os medicamentos.

Sem o contato com esses produtos, o profissional fica mais protegido contra problemas de saúde, como dores de cabeça, náuseas, dor de estômago e, em casos de maior contato, até certos tipos de câncer.

Fica claro, portanto, que adotar alimentos orgânicos no dia a dia traz ganhos que vão além da maior qualidade nutricional.

O impacto dessa decisão influencia em todo um ecossistema. E nunca é demais ressaltar que o meio ambiente é vida – o que poucos sabem é que a comida orgânica é um dos combustíveis que a faz pulsar.

*Eduardo Petrelli é cofundador e CEO da Diferente, principal foodtech de alimentos orgânicos do Brasil. É formado em Engenharia de Produção pela Universidade Católica do Paraná e pós-graduado em Business e Finance pela Universidade de Berkeley (EUA).

Eduardo Petrelli
Cofundador e CEO da Diferente
A Diferente é uma empresa associada da Organis

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