O primeiro semestre de 2022 foi de retorno das feiras e bons negócios movidos a calor humano, diálogo e inovação, mas termina marcado por um ataque direto à sustentabilidade, ao meio ambiente e aos direitos humanos.

Eu gostaria, aliás, gostaria muito, que esse artigo não precisasse começar assim, expressando luto e indignação pelo assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira, nossos heróis da biodiversidade, que pagaram um preço alto pelo seu amor à vida. A eles, deixo esse poema em feitio de oração do grande Ferreira Gullar:

“A vida muda como a cor dos frutos
 lentamente e para sempre.
A vida muda como a flor em fruto, velozmente.
A vida muda como a água em folhas, o sonho em luz elétrica.

A rosa desembrulha do carbono o pássaro da boca,
mas quando for tempo. E é tempo todo o tempo.
Não basta um século para fazer a pétala
que um só minuto faz, ou não.

Mas a vida muda.
A vida muda o morto em multidão.”

E é em respeito aos ciclos da vida, em toda a sua simples grandiosidade, que não podemos e não vamos parar nossa insistente defesa do que existe de belo, bom e justo na natureza humana. O movimento é a lei e é nele que vamos continuar jogando o nosso jogo, aquele no qual ninguém sai perdedor, nem mesmo os adversários, por mais que ainda não tenham consciência disso.

Prosseguimos, agora com a responsabilidade e o poder das sementes deixadas por Dom e Bruno, das quais desejamos fazer um viveiro permanente, em pensamentos e ações. Vamos mudar os mortos em multidão, como diz o poeta. E se isso incomoda os inimigos da vida, eles que se adaptem e evoluam – pois sempre há tempo.

Dito isso, 2022 vem sendo um ano cheio de sinais de mudanças e oportunidades para os orgânicos. Esse fato ficou ainda mais claro com o retorno dos encontros presenciais, olho no olho, cheios de calor humano e comprometimento pessoal que as grandes feiras propiciam. Nessa volta triunfal, os orgânicos se sentiram acolhidos e valorizados como nunca, não apenas na forma de marcas e produtos, mas em compreensão das mensagens que o movimento leva adiante.

Trago ainda bem nítidas as minhas impressões do evento mais recente, a BioBrazil Fair, de 8 a 11 de junho, no Anhembi, em São Paulo. O nosso retorno aos palcos do mercado foi, e continua sendo, realmente marcante. Não apenas na qualidade dos produtos, pois isso nunca esteve em dúvida, mas na forma criativa e caprichada da apresentação dos orgânicos ao mercado. Nossa paisagem foi de estandes espaçosos, bonitos, trazendo marcas novas e muitas delas com embalagens em conceitos diferentes, atrativos, surpreendentes, dizendo, sem palavras, que os orgânicos representam, em essência, a inovação, em um futuro de consumo consciente.

Sinais claros disso já havíamos observado em maio, na Apas Show, que, em 2022, fez a festa no Expo Center Norte, também em São Paulo. Observamos, com olhos orgulhosos, que o estande da Organis conseguiu a proeza de chamar a atenção e seus expositores ganharem destaque entre gigantes globais, nessa que é, simplesmente, a maior feira da América Latina.

Um pouco antes do sucesso na Apas, a caravana dos orgânicos em movimento já havia marcado presença na Anufood Brazil, na qual teve a satisfação de participar com uma palestra no painel promovido por esta feira especializada em alimentos que cresce a cada ano, com sua proposta ampla e abrangente.

E, se estamos nos tornamos cada vez mais organizados e relevantes, é natural que os convites cheguem, como por exemplo, da gentilíssima Apras – Associação Paranaense de Supermercados, que nos abriu generoso espaço na Mercosuper. O clima no Expotrade Pinhais foi dos mais proveitosos e a Organis certamente estará presente, e com mais força, na edição 2023.

Mas, se a lei é o movimento, o roteiro de conquista de corações e mentes para o lado orgânico, saudável, natural e sustentável não para. Recentemente a Organis foi convidada para organizar, em setembro, uma feira orgânica dentro de um moderno centro de compras, o Shopping Crystal, em Curitiba. Um evento inovador e, certamente, marcante, pelo ineditismo da ideia, daquelas capazes de trazer bons frutos para expositores, consumidores e, é claro, para os promotores do evento.

Lembro, também, que já temos agenda para outubro – fomos orgulhosamente convidados pela AMIS, Associação Mineira de Supermercados, para levar o estande dos Orgânicos em Movimento à SuperMinas, uma das mais importantes feiras do setor varejista daquele estado e do Brasil.

Resumindo, os grandes eventos presenciais do mercado tiveram a sua volta triunfal nesse primeiro semestre e as perspectivas dos orgânicos dentro deles é das melhores. Para alegria dos que acreditam na confraternização, na paz, na tolerância, no encontro, no intercâmbio de experiências, enfim, na vida do jeito que ela merece ser vivida.